Era um dia difícil. No caminho para casa passou no bar para comprar um maço de cigarros, mas só tinha uma marca vagabunda. Que seja. E levou aquele mesmo. O dia precisava de um cigarro. Chegando em casa tirou os sapatos que a apertavam e calçou suas pantufas preferidas. Abriu o maço, pegou um cigarro e foi pra sacada. A cada tragada que dava o estresse do dia se ia e os seus pesamentos se perdiam pela noite ainda mal iluminada da cidade... Até que os seus olhos cansados se prenderam em outro olhar triste que a fitava de longe. Se entreolharam em um constrangimento inicial e, quando o cigarro - dos dois - já se encontrava na metade, os olhares já tinham se transformado em paquera entre uma tragada e outra. A cidade se acendia por completo no fundo. Ela terminou o cigarro, apagou a bituca no parapeito e a jogou dez andares abaixo. Sorriu, despedindo-se, e entrou para fazer a janta. Agora o seu vício tinha encontrado outro motivo para continuar vivo.
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