sábado, 12 de outubro de 2013

sonho

Uma onda de zumbis estava vindo para dentro do metrô. Minha amiga tinha pago uma blusa que ela encomendou de uma sacoleira. Corremos para pegar o próximo vagão: eu, minha amiga, meu namorado, meu irmão e mais alguns amigos meus que não consegui distinguir direito pela confusão e correria do momento. Entrei no vagão empurrando o meu irmão com a minha amiga e puxando o meu namorado pela mão. Era o último vagão, tinha mais espaço e caberia todos nós. Eu estava chorando, desesperada, querendo que todos entrassem naquela merda de trem. E entramos, ufa. Antes das portas de fecharem, gritamos com o outro grupo de amigos que seria bom descermos na Liberdade para nos unirmos. As portas se fecharam e uma nova onda de zumbis apareceu dentro daquela estação que, agora, estávamos deixando para trás. Ao metrô parar na estação da Liberdade, o lugar estava infestado de zumbis, esperando na soleira da plataforma carnes frescas. Empurrei todos que levei comigo para aquele vagão para a outra porta dele, por onde as pessoas entravam (abria por segundo) e se mostrava um lado vazio. As poucas pessoas espremidas entre a primeira porta e o meio do vagão foram dilaceradas, as portas fecharam e o trem continuou seu caminho. Agora nos encontrávamos na estação de Arthur Alvim, a estação onde o meu namorado desce. Combinamos de ir para a casa dele. Sendo um bairro mais afastado, deveríamos ter mais chances de sobreviver. Fomos a pé da estação até a casa dele. Era um caminho que me lembrava um atalho que eu pegava na minha cidade quando era menina. Fiquei atrás dos três, vigiando e observando o movimento ao redor. O lugar tinha vida, mas estava tudo deserto e calmo. Fiquei pensando no outro grupo que perdemos. Fiquei com medo deles terem descido na Liberdade... Então uma pequena discussão boba se instalou nos três despreocupados na minha frente e me interromperam pedindo minha opinião. Não entendi direito. Achei que falavam sobre a arvore que víamos logo em frente, no quintal do lado da casa do meu namorado e eu nunca tinha reparado em como ela era grande e possuía frutos lindos e com um aspecto saboroso. Disse que sim, era bonita. Ouvi todo o tipo de críticas e perguntei o porquê, finalmente quando atravessamos o caminho de terra que cortava dois quarteirões, vi do que falavam. Era uma casa antiga, feia, com aspecto de assombrada que era vizinha à casa do meu namorado e a árvore ficava em seu terreno. Concordei que ela era feia e seguimos em frente. Avistei da janela do sobrado a avó do meu namorado, logo ela desapareceu, deve ter descido para nos recepcionar. Mas entramos na casa feia. Queríamos comer os frutos daquela árvore. Naquele momento me toquei que esse era o sentido porque tínhamos ido até São Miguel (que não era São Miguel). Nisso uma sucessão de fatos se passaram de uma forma confusa. Falamos com o dono da casa, vimos o seu cachorro velho, suas mucamas, cumprimentamos a mãe e a avó do Vinícius e fomos comer alguns frutos depois da liberação do dono. Então meu irmão voltou com a camisa suja, muito suja, pedi para ele tirar que eu iria limpar um pouco. Esfreguei com sabão mas não saia direito. Então ele me trouxe dois pedaços de cera que se formam quando muitas velas foram acesas juntas. Agradeci imensamente, pois esse era o melhor sabão. Lavei a blusa e saiu um caldo muito preto e espesso dela, repeti o processo até ela voltar a ser branca. Torci e entreguei a blusa ainda molhada ao meu irmão. Quando me dei por mim, eu estava comendo os blocos de cera. Mastigava eles com vontade, sentia um sabor insonso mas tinha a sensação da vela se grudando em meus dentes. Todos viram e me perguntaram o que eu estava fazendo. Minha amiga tocou no meu braço, segurando aflita, buscando uma resposta plausível enquanto todos me olhavam indignados. Nesse momento eu me toquei. E comecei a cuspir a cera, a arrancá-la com a unha dos meus dentes. Eu sabia que aquelas velas tinham sido usadas para expulsar o demônio e quando as usei, ele me manipulou. Fui tirando todos os pedaços de cera que pude, até um dente vir junto. Entrei em desespero. Achei que ia sair muito sangue. Porém o dente do lado ao que caiu estava muito mole e logo quando o toquei, ele também caiu. Desesperada eu queria me livrar daquelas velas grudadas em meus dentes, grudada em mim, o quanto antes. E mais dentes molares caiam conforme eu tentava me livrar da cera... Consegui limpar minha boca, eu estava chorando, com medo de não me achar bonita, com medo de falar e mostrar uma boca sem dentes. Então me lembrei que os dentes da frente, que aparecem no sorriso, estavam intactos e fui falar normalmente, porém, quando abri a boca, meu canino esquerdo deslizava lentamente do seu espaço na minha arcada dentaria. Ele iria cair também! Chorei desesperada, apertei ele em seu lugar com os dedos e fechei os olhos desejando que ele se calcificasse novamente. Tirei o polegar e o indicador que o seguravam e ele caiu em minha mão. O senhor da casa me olhava de um jeito sabido, de quem tinha conhecimento que tudo isso aconteceria e soltou um leve sorriso de satisfação com o seu trabalho bem feito.

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