segunda-feira, 7 de outubro de 2013

oh despair

O dia se passa e aqui se foram anos. Tão corridos, tão cheios, tão confusos e doloridos que nem parece que ainda é hoje. A música que continua tocando é a mesma que me acalenta, que me abraça e me nina com suas palavras tão tristes quanto felizmente esperançosas. Ainda preciso tatuar o seu refrão em mim - ele é perfeito. Os sentimentos passam como furacões. Arrancando eu mesma de mim, levando consigo todo o meu eu, as minhas certezas, os meus risos... Até mesmo os mais frouxos. E me sobra estas migalhas, estes destroços, essa bagunça que tem de ser organizada. E a empregada aqui sou eu. Mas, não se engane, a vida não para enquanto recolho os pedaços desmantelados do chão. O dia escurece. A janta está cheirando no fogão. Ainda estou uma bagunça. Talvez seja culpa daquela mulher sem educação no banco, qual me respondeu rispidamente. Talvez ela seja meu cego. Ela se cabe em meu precipício. E, lhe digo, a vontade de me jogar dessa sacada é enorme. Apenas apago a bituca no pratinho que fazemos de cinzeiro e a jogo pela sacada. Sua queda é bonita. A minha um dia será também... Socorro o feijão que apita na panela de pressão. Está pronto. Me sento para jantar. E ainda é hoje.

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